09 maio
Nos dias 23 e 24 de abril, nos edifícios da Uniguaçu, aconteceu uma apresentação de tango, organizado pelo CELU para promover a língua e a cultura hispânica. A apresentação foi realizada em parceria com o Circo Escola Arlequim, dirigido pelo competente professor e coreógrafo Cristian Kraemer. As apresentações artísticas do CELU serão realizadas mensalmente, sempre com novidades, principalmente relacionadas às línguas trabalhadas pelo centro.
As representações artísticas, hoje, são as maiores marcas da cultura de um povo. A dança, entre tantas outras manifestações, é uma via de expressão capaz de representar diferentes ideias e pensamentos. A cada novo tipo de dança há a perpetuação de valores, sentimentos e desejos. Assim, as curvas sinuosas de uma dançarina, acompanhada dos movimentos herméticos de seu parceiro de dança, firmam, ainda mais, as marcas artísticas e culturais de uma nação.
Conforme o professor Atílio Matozzo, na Argentina, o tango tornou-se sinônimo de paixão, melancolia e tristeza. Porém, o tango não é argentino de nascença. Ao longo do século XIX a jovem nação do país hermano incentivou a entrada de imigrantes europeus ao país para que os mesmos pudessem ampliar a mão de obra disponível e refinar a cultura via contato europeu purista (principalmente os espanhóis e franceses). Dessa forma, apareciam grupos que intercambiavam distintas experiências musicais, entre elas a polca europeia, a havaneira cubana, o candombe uruguaio e a milonga espanhola, as quais firmaram o nascimento do tango argentino.
Em seus primeiros anos, o tango era formado por um trio musical executante de ritmos mais acelerados e os passos de dança tinham muita sensualidade. Só mais tarde que os tangos começaram a ganhar suas primeiras letras. Fazendo jus ao seu local de origem, as primeiras letras descreviam situações libidinosas sobre os prostíbulos e as meretrizes. Por isso, durante algum tempo, o tango era sinônimo de imoralidade. As pessoas de “boa índole” tinham verdadeira aversão à prática desse tipo de música dançante. No entanto, os imigrantes que voltavam para Europa tinham popularizado o estilo, principalmente na cidade de Paris.
Os diversos ataques contra o tango perderam força mediante a popularização e as transformações sofridas com a chegada do ritmo à Europa. Atacado ainda por religiosos, o tango chegou a ser dançado para o papa Pio X, para que o mesmo julgasse suas características. Aprovado por Vossa Santidade e influenciado pela escola europeia, o tango começou a ganhar um ritmo mais lento e passos mais cadenciados. No início do século XX, as letras começam a incorporar temáticas para fora do prostíbulo. Tempos depois veio a ser considerado uma expressão tipicamente artística de todos os argentinos.
Saindo dos prostíbulos para os salões de festa, o tango alcançou sua máxima popularização com o estrondoso sucesso do cantor Carlos Gardel. Sendo conhecido como uma dos mais famosos cantores de tango, Gardel mostrou sua música nos palcos e internacionalizou sua arte com a gravação do filme “El Dia Que Me Quieras”. Ainda hoje, o tango é uma das expressões artísticas mais conhecidas na Argentina e seus espetáculos atraem turistas de todo o mundo, confirma Atílio.
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