União da Vitória - PR Alterar Cidade

1º Concurso de Contos do curso de Psicologia da Uniguaçu

05 set

O 1º Concurso de Contos do curso de Psicologia da Uniguaçu foi um sucesso! Os três primeiros lugares ficaram entre os acadêmicos da turma de Psicologia N2. Parabéns a todos que participaram! Segue abaixo o nome dos ganhadores e os respectivos títulos:

1º lugar: Amós Ribeiro
Título: “Diadorim de União da Vitória”

2º lugar: Viviane Maria da Silva Ribeiro (2 contos)
Título: “Meninas Marrons e Maria” e ”Mesmo se for Cinza”

3º lugar: João Matheus de Souza
Título: “Marcas na Alma”

 

Confira o conto vencedor do concurso:

 

Quase um conto Tupiniquim – Diadorim de União da Vitória

“Diadorim na rua, moleque atrevido, brincando no meio do redemoinho.”

Diadorim nasceu “nonada” sem dentes e pelado, igual a todo mundo, ou quase. Diadorim logo foi abandonado no ventre de um rio, Iguassu rio caudaloso, rio que nasce na vertente e morre na enchente, rio que abriga paixões, mortes e uma imensa serpente. Diadorim desceu tão longe que chegou a outra cidade, a quilômetros de distância da capital do vampiro, uma cidade do interior cujo nome é desconhecido, porém se o visitante perguntar para qualquer morador, esse, com a boca cheia diz “Vila Amazonas”, voltamos para o Diadorim agora menino franzino, e com uma deformação no pé, o que lhe rendeu um apelido “pé de Belzebu”. Diadorim não se importava com nada, comia o que lhe davam, vestia o que achava, tomava banho no rio, seu velho amigo, quando não estava frio, pois como relatam os moradores da velha cidade o clima é chuvoso e frio, Diadorim esperto falava para si mesmo “hoje não vou tomar, a água está um gelo”.

Diadorim cresceu pelas ruas e becos da cidade, para ele a cidade tinha o formato de seus sonhos e Diadorim era o rei dela. Ali perto do seu reino houve uma guerra, com canhões, explosões e um avião, um avião caído, parecia um anjo expulso do céu, as suas asas queimando e a fumaça formava um lindo véu. Diadorim andou pelos trilhos e se embrenhou nas matas, fugiu da Maria Fumaça, comeu o pão que o Monge amassou. Reza a lenda que a guerra chegou até seu reino, e Diadorim, pobre pé torto, assustava os poderosos, ficando escondido na mata grunhindo alto a noite toda, em muitos casos os poderosos e suas vestes fugiam para nunca mais voltar. Diadorim largava sua coroa e suas vestes douradas e pegava seu cavalo andante e lá pelas margens subia a montanha, de atalaia esperava os poderosos passar. Outra lenda do pobre Diadorim foi de ter vencido a serpente gigante, Diadorim com seu cavalo andante sem nome, em um dia de grande conflito, o famoso di C da guerra dos reinos, estava meditando na beira do rio Iguassu, bem na triste curva, pedindo para que a sabedoria do velho monge o iluminasse, porém ouve um estrondo, uns dizem que do céu desceu uma bola de fogo e outros mais pessimistas dizem que foi da terra que brotou as labaredas, não sabemos ao certo, o que sabemos é que Diadorim foi arremessado do seu cavalo sem nome para dentro do ventre do rio e engolido por uma gigante serpente, Diadorim foi para o ventre da serpente, todos já davam como certo a morte de Diadorim, o coveiro da cidade já tinha até feito um caixão para enterrar simbolicamente o pobre pé torto. Voltamos para o Diadorim, ele quando caiu no ventre da serpente imediatamente nadou, criado como cisne não teve dificuldade, até encontrar um porto seguro, uma cidade que há muito tinha desaparecido do condado da “Vila Amazonas”, Diadorim ficou estupefato com aquela linda cidade, lá conheceu um ancião e seu fiel cachorro que vivia ali no ventre da serpente, Diadorim com apenas uma navalha, herdada do seu avô, ficou pensando como sairia daquele lugar, resolveu deitar no vale da cidade e novamente pedir auxílio ao monge, foi adormecendo tão leve como a brisa daquela cidade, sonhando com sua mãe que não conhecerá, com o dia que desceu rio a dentro, lembrou que ao ser colocado no velho cesto uma voz doce e serena cantava uma música sobre a paciência de um tal de Jó e uma baleia, Diadorim acordou, segundo a conta dos mortais do lado de fora já se passavam sete dias, perdido e sem dente, com aquela paciência. Acordando tonto como uma barata teve a brilhante idéia de montar uma funda para atingir o coração do gigante, depois de muito estudar ele conseguiu o artefato bélico, sendo assim partiu rumo ao caminho do coração, andou sem saber se era dia, mas andou tanto que sua barba cresceu, seus cabelos ficaram longos e negros e perdeu suas sandálias e o pior eram suas unhas que de tão grandes viraram um casco, semelhante ao do Belzebu, chegando até o lugar marcado ele observou um grande coração que batia tão forte que foi preciso usar um tampão feito com folhas verdes, ao avistar aquela figura vermelha e barulhenta não demorou em ir logo fazendo mira com a maior pedra que encontrou, precisou de um arremesso e logo atingiu bem no centro entupindo uma veia ou algo semelhante, a pressão foi tanta que aquele objeto estranho explodiu arremessando Diadorim para fora da serpente, que certamente morreu no local, quando Diadorim acordou estava novamente em terra firme, porém o Vale tinha se tornado mar, quando ele acordou definitivamente observou que a água era do rio e estava tomando o seu reino, ele avistou o primeiro servo e logo lhe falou desesperadamente, o que aconteceu, o primeiro sujeito fugiu gritando, Diadorim não entendeu, ainda assim ele continuou sua caminhada pelo seu reino, porém, quando se aproximou de outras pessoas foi uma gritaria tremenda, uns gritavam outros apenas corriam, Diadorim não entendia o que se passava, já era noite então resolveu andar pelo seu reino, foi quando entrou em uma taverna escura que mal viam o rosto dos outros, foi então que ele perguntou para a primeira pessoa que encontrou ali, qual era o rei daquele reino, o homem embriagado de rum falou que desde o seu último rei que fora engolido por uma serpente nunca mais nenhum outro reinou ali, assustado Diadorim perguntou se isso fazia tempo, o bebum pensou: ‘estamos em oitenta e três faz mais de cem anos’, Diadorim não contente questionou o senhor outra vez perguntando o que havia ali acontecido que todo o vale estava inundado o bebum já chateado respondeu que a serpente tinha acordado se mexeu e por um mistério explodiu causando uma enchente naquele vale, Diadorim se lembrou do que disse o velho monge, que quando acabar a guerra e se os moradores do reino sempre se lembrarem de seus entes mortos daqui a cem anos a serpente morrerá por falta de seu alimento: o ódio, então Diadorim pediu uma dose de licor e sentou triste em um canto refletindo sobre todos os acontecimentos, em seu mundo perdido foi recuperado com o bafejo de palavras com um tom sedutor foi quando observou que ao seu lado uma moça da casa estava a lhe pedir tabaco, ainda com os pensamentos ao longe Diadorim automaticamente procurou em sua bolsa de couro o tabaco e esticando a mão para a mulher com lábios avermelhados lhe entregou uma boa dose de tabaco, a mulher lhe agradeceu, ela numa doçura angelical fez acender a chama da vida, foi quando olhou Diadorim e ficou paralisada a chama que estava em sua mão caiu, quando a mesma se abaixou para pega-lá viu os cascos de Diadorim, em surto de cólera ela gritou “Belzebu” várias vezes, todas as pessoas que ali estavam se atiraram em cima do pobre Diadorim derrubando, batendo, beliscando, Diadorim levou tanta pancada que acordou uma semana depois preso em uma sala escura.

Essa lenda uns dizem que é verdade outros não querem acreditar, a verdade é que Diadorim existe, mas ninguém viu desde então, uns dizem que ele fica vagando por aí na velha estação, no velho trilho, morando na velha Maria Fumaça, outros dizem que ele fugiu para o centro da terra que lá é seu lugar.

Diadorim foi um sujeito estranho com ares de rei. Diadorim é um menino na flor da juventude que frequenta quinzenalmente o divã do tio Freud, para ele, ali, as coisas acontecem sem tempo e sem tento. Uns dizem que é o inconsciente, outros dizem que é a pulsão, o que se sabe é que essa é a segunda consulta de Diadorim. E o que sabemos é belzebu, é humano, é o que não há, é a travessia.

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